quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Disciplina

Na realidade, hoje eu queria postar aqui algo sobre nossos eternos votos de ano novo. Aquela história que a gente já conhece bem. Todo finalzinho de ano olhamos pra trás e constatando o que não conseguimos realizar, os tropeços, os sonhos abandonados pelo ano que está acabando, nos propomos a ser diferentes, e nos colocamos várias metas que julgamos a fonte da felicidade se for alcançada.

Mas como a proposta é sempre pensar as coisas DE UMA OUTRA FORMA, entendo que antes disso é preciso que pensemos em disciplina. Digo isso por que entendo que o problema não está nas metas e nos sonhos. Na grande maioria das vezes eles são bons e verdadeiros. O problema também não está nos recursos, porque quase sempre dispomos dos recursos necessários ou então, na pior das hipóteses, eles estão bem ao nosso alcance. E penso que também não há problema quanto a nossa vontade ou em nosso desejo. Normalmente queremos muito realizar o que nos propusemos em nossos votos de ano novo. O problema, acredito, está em outro lugar.

A questão é que não temos (entenda bem isto) disciplina. Não estamos acostumados a construir sonhos passo a passo e nem mesmo a planejar a construção de nossas metas cotidianamente, mantendo práticas e afazeres que as vezes parecem, e que as vezes são, muito enfadonhos. Pagamos juros nos financiamentos porque não conseguimos poupar. Pagamos altos preços nos cursinhos porque não conseguimos estudar sós. Ficamos depentes de dietas malucas porque não conseguimos nos controlar diante de um bom pedaço de doce. Ficamos loucos nos dias que antecem as provas porque não conseguimos separar tempo pra estudar. Ficamos nas filas dos bancos no dia do vencimento das contas porque não conseguimos separar um tempinho na hora do almoço. E por ai vai nossa lista de pequenas e grandes indisciplinas...

Por isso, pense diferente. Ao invés de estabelecer de novo as metas que nunca são cumpridas, faça uma promessa só a si mesmo. Pare de falar em comprar, viajar, emagrecer, passar em tal curso, conseguir, fazer e acontecer. Fale somente em ser disciplinado.

Acredito que com essa única meta, aqueles planos todos, todos aqueles sonhos que foram idealizados nos anos anteriores podem começar a acontecer de verdade na sua vida. Eu acredito muito no potencial que temos, e acredito que tudo o que precisamos é começar a pensar DE UMA OUTRA FORMA. Jesus disse a Marta que ela andava ansiosa de muitas coisas, quando na realidade uma só era importante... Ele falava do tempo gasto com Ele, na presença dEle... Acredito que a presença divina em nossa vida é fonte de alegria, de realização e de disciplina. Pense nisto.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

A inegável realidade da fantasia

O já conhecido amigo oculto dos finais de ano. Já participei de vários. Na infância passei pela decepção de levar meu presente comprado e embrulado com extremo zelo, para descobrir que o meu amigo oculto simplesmente não fora... Depois, sofri a vergonha de me esquecer completamente de comprar o presente de meu amigo. Porém, a maioria das lembranças é boa. São momentos divertidos, são presentes completamente inesperados, são palavras de um carinho gostoso de ser recebido e que normalmente não temos a oportunidade de ouvir.

Este ano, tive a oportunidade de sugerir o que queria ganhar. Há muito desejava uma pontinha de fantasia habilmente construída, que encanta a alma, batizada de "O Pequeno Príncipe". Pedi que, se possível, meu amigo oculto me atendesse este desejo. Fiquei feliz quando recebi o pacote que trazia a narrativa.

Esta história é simplesmente renovadora. Se você ainda não leu, mais do que um conselho, eu faço um apelo: leia. Eu já o fiz várias vezes, e sempre encontro um novo pensamento, uma nova forma de entender o mundo, de olhar para as pessoas. Nunca vi uma definição do que seja cativar que apresentasse tanta verdade e tanta poesia juntas. E jamais encontrei uma descrição mais clara dos meus sonhos de criança do que quando Saint Exuperi apresenta a incompreensão dos adultos diante dos desenhos de seu personagem.

E aí temos a inutilidade de certos trabalhos, a futilidade de alguns empreendimentos e o valor incomensurável dos relacionamentos. O Pequeno Príncipe é um tesouro sobre o qual devíamos nos dar o privilégio de debruçar de tempos em tempos. E junto no mesmo baú de valiosas pérolas de sabedoria, podíamos bem colocar outros romances, contos e poemas.

Quando lemos um conto, uma história, usando a imaginação construímos um mundo todo. Imaginamos os cenários, os rostos, as vozes, o movimento. É como se estivéssemos num plano superior, observando a vida dos personagens, tendo o poder de enxergar nas entrelinhas. O autor nos dá a possibilidade de ler pensamentos, de ver detalhes nos olhares, os sorrisos de canto de boca, o coração acelerado em certos momentos. Como observadores privilegiados, sabemos as intenções dos personagens, seus medos, anseios, desejos, sonhos e a sinceridade de seus ideias ou a falsidade de suas palavras.

Em alguns momentos chegamos a nos afligir por não poder interferir nas história, por não poder gritar aos personagens um aviso do tipo "não confie nele" ou "afaste-se daí". Em outros momentos, nos vemos tão perfeitamente retratados nas escolhas, situações e erros cometidos que é quase impossível não julgar que o autor escreveu pensando em nossas vidas.

É aqui que está a inegável realidade da fantasia. Ler boas histórias não é só passatempo fútil. Se você for um leitor atento, aprenderá frases que podem trazer alívio a dor de queridos, bem como algumas outras que podem ser verdadeiras alavancas de motivação nos momentos de desânimo. Se for um leitor atencioso, vai descobrir formas de se comportar melhor, de ter mais coragem, de ter mais afeto ou mesmo mais firmeza.

É aqui que está a inegável realidade da fantasia. Não julgue que só a informação precisa e factual é valiosa. Muitas vezes a verdade que mais precisamos está colocada numa fábula mais do que em listas de dados obtidos em pesquisas ou em estatísticas construídas com questinários. Sensibilidade é a chave de que você precisa para aprender destas fontes fantásticas.

Jesus Cristo usou histórias, contou parábolas e conseguiu aplicar ao coração de milhões a maravilhosa realidade do amor. Ele veio fazer uma revolução no coração dos homens, e soube como fazer isso usando a inegável realidade que havia no que todos consideravam sonhos deslumbrados de um caminhante errante. Em cada parábola os seguidores do Cristo se viam retratados. Em cada conto, em cada personagem e em cada situação vivida era possível a eles (e a nós hoje, se quisermos) identificar a realidade de suas vidas e toda a possibilidade de mudar.

Queria que você olhasse os contos, as fábulas, as histórias com outros olhos. Procure bons livros, e use seu potencial imaginativo. Dê cores às plantas, dê sons, vozes e movimentos aos personagens. Leia os sentimentos, conheça os corações e sinta a INEGÁVEL REALIDADE DA FANTASIA dando novos rumos aos seus pensamentos. Espero que isso o ajude a encarar seu mundo, seus desafios e seus relacionamentos DE UMA OUTRA FORMA. Pense nisto.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

A Doce Sabedoria Milenar

Estou passando por um momento dificil. Sei que quando comparo minha situação atual, que me incomoda,com a de milhares de outras pessoas espalhadas pelo mundo, que sofrem verdadeiros martírios, nem mesmo posso dizer que tenho um pequeno problema. Mas no momento, a comparação que faço não se aplica ao outro, quem quer que seja, mas a mim mesmo em momentos diferentes.
Entendi com o tempo, que para resolver problemas você precisa evitar duas tendências muito humanas: a de sentir que você é uma vítima constante do mundo ou a de acreditar que na verdade você não tem problema algum. São dois extremos que pouco ajudam a sanar as questões que impedem você de crescer e de dormir tranquilo.
Normalmente estes dois extremos ocorrem quando usamos a comparação. Alguns se comparam com os outros (sem uma visão real) e os vêem sempre ganhando, crescendo, recebendo, se alegrando, sendo honrados, tendo oportunidades e então sente-se infelizes, desafortunados, vítimas de injustiça, discriminados e azarados. O problema fica maior, mais pesado e acaba por se associar a inúmeros outros problemas, formando uma cadeia perversa que imobiliza toda ação positiva.
No outro extremo, muitos ao se compararem aos milhões de miseráveis do mundo, aos que sofrem com a guerra, com as mazelas da fome, com uma doença incurável, olham pra si mesmos como seres que foram bafejados pela bênção protetora da sorte. Entendem que seus problemas não são importantes, e que sua vida é tão boa que não devem nem ao menos reclamar. Estão contentes com o que possuem e com o que são.
Entendendo que estou falando de extremos, de um lado vejo pessoas paralisadas pela visão ampliada de um monstro medonho de injustiça e dor, enquanto do outro lado a mesma imobilidade é ocasionada pela imagem de uma redoma de sorte e bênção que diz que tudo está perfeito.
Minha opinião é que podemos melhorar, resolver nossos problemas, fugir desta paralisia se fizermos a comparação correta. No momento da crise eu não me comparo com o outro que parece sempre se dar bem em tudo, e nem com o outro que sempre parece ser derrotado. Me comparo comigo mesmo. Lembro das crises anteriores que me sobrevieram, listo os momentos bons, o reconhecimento obtido e as vitórias. Lembro também das dores e das frustrações, dos erros cometidos e das consequências que eles trouxeram. Assim, não me vejo como um iluminado que nunca é atingido e que não precisa de mais nada, e nem como um aborto da sorte que nunca consegue nada do que precisa. Com essa visão equilibrada, mesmo com os problemas consigo dormir, e mesmo com as vitórias, consigo continuar mantendo a visão e entendendo que posso continuar crescendo sempre.
Estes pensamentos são fruto da doce sabedoria milenar. Jesus declarou isso de forma muito simples quando disse "basta ao dia o seu próprio mal". Ele nos faz pensar na dimensão assustadora que damos a nossos problemas, dizendo que não podemos acrescentar nem mesmo meio metro ao curso de nossa vida. Ele nos aconselha a confiar na providência e amor de Deus. Também somos aconselhados por ele a pensar em prioridades e planejamento, como no caso da parábola das dez virgens.
Quando paramos um pouco e meditamos na profundidade das coisas aparentemente simples, começamos a nos ver como portadores de dons e capacidades, e a entender que nossos problemas podem ser resolvidos. Escutando a voz da sabedoria, podemos nos ver DE UMA OUTRA FORMA. Pense nisto!

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Recebendo Presentes

Fico feliz quando recebo presentes, e nisso acho que todos somos bem parecidos. Recebi de presente de uma super amiga (beijos Vanessa) esta imagem. Quando ela visitou este blog, me disse que se eu colocasse algumas imagens, ele ficaria mais alegre. Gostei muito da sugestão.


Então, de agora em diante vou procurar ilustrar um pouco nossas reflexões. E vou colocar aqui a imagem que a Vanessa me mandou. Acredito que logo poderei utilizar em um de meus comentários, sempre DE UMA OUTRA FORMA, é claro.

Prazer, Prioridades e Dúvidas

As muitas coisas que aconteceram, sobre as quais falei brevemente em minha última postagem, me motivaram a tentar agrupar estes três elementos apresetados no título. Talvez o primeiro deles tenha sido nomeado com uma palavra forte ou complexa demais, mas dentre muitas, entendi ser a que mais explicita o que gostaria de partilhar. Além do mais, uma boa explicação lhe dará os limites necessários. Vamos a ela.

Desde que comecei a pensar e a estudar sobre a questão do aproveitamento do tempo, da plenitude da vida, a questão das prioridades tem sido o ponto focal. Encontro temas e estudos que direta ou indiretamente imprimem a idéia com mais força em minha mente. Você só pode ser verdadeiramente dono de uma vida plena de alegria e satisfação se faz primeiro as coisas primeiras em seu dia a dia. Você só consegue realmente fazer as coisas primeiras quando administra bem seu tempo, tendo uma noção clara do que é realmente importante. A chave para isso é descobrir sua real vocação, seus desejos mais verdadeiros, seus princípios mais valiosos e aplicá-los na construção de algo maior do que você mesmo, que seja duradouro e benéfico.

O primeiro passo foi dado. Agora, para saber se você está no caminho certo, é preciso verificar se aquilo que você está obtendo lhe dá prazer. Entendo que esta palavra é forte porque aprendemos a associar prazer com a realização dos desejos, o mais rápido possível, no momento em que o coração deseja. Prazer está associado, muitas vezes, com comida, com sexo, com dinheiro, com fama... É a antiga, mas ainda válida reflexão sobre o fato de que ter tudo não significa estar satisfeito.

O prazer, como substantivo, é sinônimo de alegria, de jovialidade, de satisfação. Tem ligação com deliciar-se, com agradar-se e, talvez o mais importante, divertir-se. Prazer se obtém da companhia das pessoas, dos sentimentos nutridos, dos momentos vividos, e das coisas realizadas. Pra ser verdadeiramente prazeroso algo tem que ser duradouro em seus efeitos. O momento do prazer real deve perdurar na mente como uma lembrança também prazerosa, um sentimento de realização, de vitória, de saber ter feito o que devia ser feito e da melhor maneira possível.

Neste sentido, o prazer é muito importante na definição de suas prioridades. Uma prioridade verdadeira, seja ela qual for, ao ser entendida como tal, lhe dará prazer. Se algo é baseado em princípios, se cria algo duradouro e de valor, se é benéfico pra você e para os outros, necessariamente lhe dará prazer. Você vai se sentir bem por ter colocado este algo como uma coisa primeira em sua agenda. Você terá realização, alegria, e vai até se divertir enquanto investe seu tempo naquilo que é prioritário.

Sendo assim, voltando a falar de prioridades, entendemos que elas são definidas quando podem alinhadas com aquilo que é verdadeiramente importante pra você. Se algo não está lhe dando prazer, se não está lhe dando um sentimento de realização e leveza, pode ser que você esteja na área do que é urgente, do que lhe é cobrado, do que você sente-se obrigado a fazer.

Claro, coisas urgentes aparecem, e muitas delas são importantes. Mas se você não começar a priorizar o que é realmente importante, coisas urgentes irão escravizá-lo, e o sentimento do prazer ficará cada vez mais distante.

Por fim, uma vez discutidos o prazer e as prioridades, resta voltarmos à dúvida. De uma forma bem simples, se aquilo que você está fazendo, que está ocupando seu tempo, que está consumindo sua força de trabalho não está produzindo algo duradouro, que seja importante pra você, e ainda por cima não está lhe dando prazer como discutimos, muito provavelmente você está com a cabeça cheia de dúvidas.

Você está duvidando do valor do que faz. Você duvida que seu tempo esteja sendo brem empregado. Você duvida que e as pessoas estejam lhe dando o reconhecimento que você merece. Você duvida até mesmo da possibilidade de um dia conseguir chegar em casa bem humorado depois de um dia de trabalho.

Neste caso, use positivamente suas dúvidas. Busque reformular suas perguntas, para obter melhores respostas. Muito provavelmente suas dúvidas estão surgindo para mostrar que prioridades e prazer precisam ser repensados e suas fontes trabalhadas. Talvez suas dúvidas estejam dizendo que é hora de tentar entender sua vida DE UMA OUTRA FORMA. Pense nisto.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Muita Coisa Aconteceu...

Quando escrevi minha última postagem, nem imaginava que aconteceriam mudanças tão grandes em minha vida. É uma boa maneira de testa minha filosofia de vida, minhas teorias e tudo o que leio, pesquiso, absorvo e ensino no que se refere à desafios, mudanças e desenvolvimento.

Desde o dia 08 de agosto estou em outra cidade. Uberlândia é o palco do desafio de um novo trabalho, de um novo começo. Estou vivenciando a necessidade de trabalhar mudanças, absorver uma cultura diferente, um trabalho que não domino e dezenas de coisas que nunca pensei fazer.

É viver de forma diferente amizades de muito tempo, que antes eram amigos de longe, e que hoje são queridos do cotidiano. É fazer novos amigos, começando bem lá do início, com perguntas do tipo "como é mesmo seu nome?" e descobrir pouco a pouco sua história. É deixar amigos íntimos, super próximos e entendê-los agora como amigos de longe, como pessoas queridas que você visita nas férias, com o sentimento e a certeza quase infalíveis de que as coisas irão mudar...

Tudo isso é um bom teste pra tudo o que eu tenho aprendido. Firmeza, auto-estima, liderança, prioridades, emoções e sentimentos. Tudo testado, tudo misturado, tudo desafiador e tudo encantador de uma só vez...

É momento de errar. Quando se começa de novo, o erro não parece tão perverso e os outros não são cobradores tão inflexíveis. Mas o fato de errar, embora ensine também machuca... Sempre tão cuidadoso com as pessoas (com elas eu mesmo não me permito errar, embora erre), às vezes erro com as coisas, com as tarefas, com os procedimentos.

Pois é, caros amigos. Divido com vocês a dor do erro, e também a lição que ele ensina: a lição do cuidado. A gente aprende muito com os erros, mas a lição comum a todos é a do cuidado. Pense bem, conheça mais, pergunte mais, ouça mais, leia mais, questione mais, antecipe consequências, compare-se com pessoas que viveram situações parecidas. Faça tudo isso, e você minimiza a possibilidade do erro. Faça tudo isso, e se o erro mesmo assim vier, você pode conviver com ele mais facilmente.

Minha mudança de ares, de casa, de trabalho, de grupos me presenteou com novos amigos, com novos desafios e também com novos erros. A lição do cuidado continua a ser ensinada nas aulas significativas do curso da vida.

Convido você a pensar nisto. Pense e pense muito nos erros. Decida conviver com eles, mas experiemente fazer isso de uma outra forma. Pense nisto!

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Prioridades

Já faz algum tempo que não publico meus pensamentos. Estou em débito com este projeto. Porém, estou tranquilo em relação a isto, porque já há algum tempo aprendi a lidar bem com a questão das prioridades.

Fazer algo não é questão de ter que fazer, e sim de escolher fazer. Quando temos prioridades bem estabelecidas, podemos deixar que as demais aguardem sem peso de consciência. Este projeto, onde divido meus pensamentos, onde procuro passar minhas percepções sobre uma outra forma de ver as coisas é importante, com certeza, mas ainda não o primeiro na lista das prioridades.

Falando nisso, este seria (e é) um bom assunto para continuarmos a debater, assim que a questão da dúvida x certeza estiver mais adiantada.

Voltamos a ele depois. Até lá

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Dúvida e procedimento ético

Sem consultar a crítica especializada, arrisco-me a dizer que um bom livro para despertar o gosto pela filosofia e para orientar primeiros passos no mundo das idéias dos filósofos de todas as épocas é o "Mundo de Sofia".

Gosto de ler e procurar entender as idéias destes homens que amam conhecer. Um dos autores de quem gosto é Kant. O ponto que mais chama minha atenção em Kant é sua busca por entender a moral. A proposta kantiana é a descoberta e a fundamentação do princípio supremo da moralidade. Agir moralmente era um problema que intrigava o filósofo. Ele formulou um famoso princípio, conhecido como imperativo categórico, que diz mais ou menos assim:

"...não devo agir de outra maneira, senão de tal sorte que eu possa querer também que a minha máxima se torne uma lei universal." Gosto de pensar que sempre que você decide saber se está agindo moralmente ou não, basta usar o princípio do imperativo kantiano, talvez em 'linguagem de hoje' e se perguntar se você poderia desejar sinceramente que todas as pessoas do mundo copiassem sua ação. Se a resposta for um SIM bem sincero e confiante, você está no caminho certo, está no caminho da ação moral.

Claro, isso é controverso. O estudo da ética é complexo, mas muito convidativo e revelador. Pensar e agir eticamente nos colocam em situações muito curiosas as vezes. Conheço histórias sobre comportamento ético, que focam um ponto, e se esquecem de dezenas de outros em uma mesma situação.

Aproveito para neste ponto, insistir com minha temática sobre dúvidas. O agir eticamente, a meu ver, deve estar pautado em muita certeza. Sempre que existe dúvida quanto ao melhor modo de agir, podemos estar nos arriscando a nos comportar de forma a ofender a moral...

Vou procurar desenvolver mais este raciocínio. A idéia me ocorreu agora, e resolvi registrá-la. Mas aparentemente, esta suposta ligação tem um papel muito importante no que diz respeito ao nosso dia a dia, aos nossos relacionamentos e ao nosso desenvolvimento. Pense nisto.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Só algumas perguntas

Muitas vezes ouvi falar da sabedoria de Sócrates em relação à arte de fazer perguntas. Lembro-me de discutir sobre os diálogos longos e complexos do filósofo com seus pares, diálogos esses recheados de perguntas profundas. Discutíamos sobre a forma como Sócrates aprendia através de seus questionamentos, e como perguntas bem colocadas podem produzir reflexões inpiradoras e um bom conhecimento sobre os assuntos colocados em pauta.

Como falamos da ligação e da relação de posse entre dúvidas e perguntas e entre certeza e respostas, gostaria de colocar aqui algumas questões. Não são complexas demais, e talvez não sejam relevantes para a maioria das pessoas, mas posso estar enganado quanto a isso. A única razão pela qual vou lançar estas questões é o desejo de tentar enxergar algumas coisas DE UMA OUTRA FORMA. Vamos as questões:

1) Existe uma relação entre o que pensamos e fazemos habitualmente com a linguagem. Então, nossa forma de obter experiência, de raciocinar e entender o "mundo real" é conformado com nossa linguagem, ou seja, aprendemos da maneira como aprendemos porque falamos da maneira que falamos. Isso é bom ou não? Explique sua opção, por favor.

2) Essa situação é limitante, uma vez que só podemos entender de fato aquilo que podemos decodificar. Isso quer dizer que não entendemos certas coisas porque não conhecemos uma palavra que a descreva e a explique?

3) Se ao visualizar um objeto, você não souber seu nome, isso o torna irreal de alguma forma?

4) Ao tentar descrever o tal objeto que você viu, mas que não conhece uma palavra (nome) que o identifique, a realidade de tal objeto será completamente percebida pela pessoa a quem você o descreve?

5) Você concordaria que o mais difícil para alguém que se sente angustiado, entristecido e magoado é tentar explicar a alguém o que está sentindo, uma vez que não existem palavras para muitas das sensações que passam por nossa mente e corpo?

6) Ler a definição da palavra "angústia" em um dicionário seria suficiente para que você compreendesse o que se passa com alguém que sofre, que se comporta de forma tristonha, que se diz angustiado?

7) Uma forma alegórica de explicar as coisas é mais eficiente do que a forma direta, objetiva e literal de o fazer? Porque?

São só perguntas, mas não se engane. O ponto aqui ainda é a dúvida. Estas e muitas outras perguntas, de caráter mais relevante, nos remetem novamente ao ato de duvidar. Tente responder a estas questões. Não se preocupe com respostas certas, mas procure cultivar variedade de respostas possíveis. Talvez você experimente uma sensação de incerteza, ou quem sabe de limitação. O objetivo é este. Vamos experimentar o sabor da dúvida. Quem sabe isso não nos ajude a caminhar no trilho de algumas certezas... Pense nisto.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Momentos de Indefinição

Todos vivemos momentos assim. Não é simplesmente uma indifinição sobre uma coisa ou outra, mas uma indefinição entre o que somos e fazemos e algo que não sabemos bem o que é. Parece que é um desejo de estar em outro lugar, em outro tempo, fazendo algo diferente ao invés de estar onde estamos, neste tempo e envolvidos com o que fazemos agora. Mas a grande questão é que a maioria de nós não sabe, minimamente, pra onde queremos ir e o que gostaríamos de fazer.

Estamos novamente no terreno da dúvida. Na última vez, prometi dividir com vocês um pouco de minhas reflexões quanto à duvida. Procurei ajuda em um livro muito interessante, buscando ordenar um pouco as idéias. SARGENTIM escreveu um dicionário bem diferente, chamado DICIONÁRIO DE IDÉIAS AFINS, onde relaciona inúmeros termos (substantivos, verbos e adjetivos) que de alguma forma se ligam à palavra pesquisada.

Vamos ver parte do que acompanha o ato de duvidar, com base nestes termos correlatos. Quem dúvida está DESCONFIADO. Falta segurança nas bases em que se apóia. Temos dúvida em relação ao um amigo quando sentimos que não podemos confiar por inteiro. Duvidamos que estamos certos quando nossos atos causam EMBARAÇO. Se temos certeza, nossos atos só deviam trazer conseqüências positivas, e nunca nos deixar envergonhados, oras.

Nossa cabeça se enche de pontos de interrogação quando nossa forma de ver o mundo causa CONTROVÉRSIA. Não devia ser assim. Afinal, como posso estar certo se tantos outros manifestam uma idéia diferente?

Dúvida se relaciona com ENGANO, HESITAÇÃO, IMPRECISÃO. Temos de novo muitas perguntas, e quando isso acontece nossas idéias e pensamentos são PROBLEMÁTICOS, QUESTIONÁVEIS, EQUIVOCADOS, CONFUSOS, INSTÁVEIS. Quando, em qualquer situação, nos vemos cheios de questões e desprovidos de respostas começamos a duvidar, ou DE UMA OUTRA FORMA, começamos a DESCONFIAR, SUSPEITAR, COÇAR A CABEÇA, PRESUMIR, INFERIR, PROBLEMATIZAR demais as coisas.

O resultado de tudo isso é imobilidade. A dúvida, em seu aspecto negativo, nos impede de agir. Isto porque quando todos estes verbos e adjetivos circulam por nossa mente, colocamos em xeque a realidade. Não confiamos mais no que temos, no que sabemos, no que aprendemos. Nossos instintos falham e nossa mente tateia no escuro, buscando entre aquilo que conhecemos (experiências, aprendizado, idéias, histórias, lembranças...) algo que posso funcionar como lanterna. A sensação é a de estar em um pequeno círculo iluminado, cercado por densa escuridão. O espaço que ocupamos parece não ser ideal e nem confortável, mas não nos atrevemos a sair dele. E nós não o fazemos por que nos faltam EVIDÊNCIAS de que lá no escuro existe algo bom, melhor ou confiável.

Quando duvidamos questionamos a realidade, a nossa realidade. Mas a dúvida não nos apresenta um quadro alternativo. Em seu aspecto positivo, porém, ela nos faz SUPOR que existe outro lugar, outra atividade, outras pessoas, outras sensações. A dúvida nos coloca em movimento. Ela nos faz desejar ter respostas, buscar por certezas e entender que a realidade é dinâmica.

De forma negativa ficamos engasgados, desnorteados, desorientados, embaraçados e nutrimos suspeitas. Nossas idéias são contestáveis, nossos pensamentos imprecisos, nossos atos inconseqüentes e equivocados. Nossas emoções ficam instáveis e nossas escolhas discutíveis. Vamos de opinião em opinião, de forma vaga. Não progredimos, não construímos, não nos realizamos...

De forma positiva, porém, questionamos o lugar e o tempo. Contestamos o pequeno círculo iluminado, formulamos hipóteses, conjeturamos novas idéias, desejamos sair da obscuridade, causamos perplexidade e mudança. Nossas idéias se tornam alavancas, e nossas emoções se tornam combustível.

Quando leio sobre Jesus, percebo que Ele ensinava usando os lados negativo e positivo da dúvida, formulando perguntas. Sempre que temos perguntas, estamos no reino da dúvida, lembra? Jesus causava reflexão colocando na mente de seus alunos e discípulos dúvidas sobre as bases em que eles se apoiavam. Assim que eles questionavam o seu viver em seus pequenos círculos iluminados, Jesus lhes aplicava o caminho da verdade, que lhes dava certeza.

A partir da descoberta da verdade, eles não deveriam mais duvidar. Jesus agia firmemente quando eles deixavam que a dúvida voltasse a operar em assuntos já definidos. Por exemplo, assim que eles descobriram e entenderam que Jesus era o filho de Deus e que detinha um imenso poder, não deviam mais questionar isso. Por isso, quando Pedro afundava nas ondas, indo ao encontro de Jesus, Este o confrontou duramente dizendo "Porque duvidastes?".

Dúvidas que geram certezas. Eu posso estar equivocado, mas pra mim, faz sentido. E pra você? Talvez estejamos encontrando um caminho para ampliar nosso pequeno circulo iluminado, ou buscando, DE UMA OUTRA FORMA, coragem para vasculhar a escuridão. Pense nisto.

sexta-feira, 27 de abril de 2007

Algo mais sobre dúvidas

27 de abril. Estou em Montes Claros. Continuo pensando sobre as dúvidas que temos. Há um lado positivo em duvidar, desde que busquemos respostas. Como disse antes, ter certeza implica em ter respostas. Sendo assim, podemos concluir que duvidar é ter perguntas.

Se tivermos perguntas sinceras, profundas, importantes a serem feitas, uma busca por respostas nos fará bem. Buscar por fatos, pensar em argumentos, desenvolver um pensamento que explique, que justifique e que dê fundamentação àquilo que acreditamos é um exercício de crescimento.

Tenho rascunhado muita coisa sobre nutrir dúvidas. Desejo dividir estes meus pensamentos com vocês. Na próxima oportunidade, vou transcrever aqui as percepções e as reflexões sobre este assunto. Continue comigo, e lembre-se que o que tenho me proposto a fazer é ver este assunto DE UMA OUTRA FORMA.

Abraço

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Dúvidas

Duvidar é uma das coisas mais fáceis do mundo. É muito simples alimentar dúvidas, pois qualquer coisa serve. Não precisa ser algo lógico, racional ou comprovado. Basta uma sensação, um arrepio na espinha ou um calafrio, e pronto! Estamos em dúvida. Ouvimos uma colocação por parte de alguém, e a certeza se vai. Encontramos uma bifurcação na estrada, e o caminho se torna estranho... Nós mesmos colocamos em dúvida, o tempo todo, muito do que sabemos e acreditamos. Naquela viagem de ônibus, enquanto banlançamos de um lado para outro, encostamos a cabeça no vidro da janela, e vendo as plancas e pessoas passarem, vamos pensando, rememorando, lembrando e de repente uma pergunta estala em nossa mente. Ficamos atônitos e nos surpreendemos com um "nunca havia pensado nisto desta forma" e logo depois um "como pode ser?" e "o que eu faço agora?" que nos acompanham e começam a obra de ruptura de nossa certeza, e muitas vezes de nossa paz. Duvidar é uma das coisas mais fáceis do mundo...

Ter certeza, por outro lado, é mais difícil e exige bons argumentos. Queremos fatos, provas, testemunhas, experiência. Ter certeza implica em ter respostas. Quando entendemos ter respostas para todas as questões que são propostas, quando temos argumentos convincentes, construídos sobre uma base de fatos comprovados, podemos dizer que estamos certos, que temos certeza de algo, que cremos. Queremos muito construir em solo firme. Queremos acreditar que nossas amizades são seguras, que as pessoas são o que mostram ser e que nossa crença não foi um engano. Por isso buscamos por respostas e ficamos felizes quando as encontramos.

Mas a dúvida é uma guerreira poderosa. Mesmo aparentemene derrotada, ela se insinua. Ela faz isso quando um professor, ao concluir sua aula, faz a pergunta típica "alguma dúvida?", e os alunos reviram os olhos. Alguns dizem "não" automaticamente, pois se não estão certos de mais nada, têm certeza de que querem ir embora. Outros repassam o tema rapidamente e se dizem "até agora não". E há os que dizem com segurança um NÃO paradoxalmente afirmativo, mas com o eco da dúvida nos ouvidos: "será que estou certo quanto a não ter dúvidas?"

Eu quero aprender sobre dúvidas e sobre duvidar. Convido você a investir tempo nesta reflexão. Vamos falar de dúvidas que temos (e quem sabe despertar muitas outras) aqui neste espaço. Estou convicto que o caminho para a crença fundamentada passa pelas dúvidas e certo de que a chave para a certeza é o ato de duvidar. Porém, acredito também que isso só é possível se começarmos a falar disso DE UMA OUTRA FORMA. Pense nisto.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Iniciando...

Hoje é dia 25 de abri de 2007. Ainda não sei bem o que vou dividir com vocês neste espaço. Mas sei que quero fazer isso de uma outra forma. Creio que a maior parte das coisas que precisamos saber para sermos melhores já foi dita. Talvez não tenha sido ouvida, entendida ou absorvida, mas com certeza já foi dita.

Talvez eu esteja sendo muito pretencioso, mas gostaria muito de tentar dizer estas coisas extremamente necessárias de um outro jeito, usando outras palavras, uma outra abordagem, uma outra forma, enfim.

Espero que eu mesmo aprenda muito com isso. Talvez seja eu o que mais aprenda com isso, mas não há como ensinar sem primeiro aprender, e não há como gostar de você, sem antes gostar de mim. Vou dizer muita coisa aqui, neste espaço, de uma outra forma. Tenho certeza de que isto vai me fazer bem, e tenho esperança que faça bem a quem se aventurar a ler.

Serão percepções, serão reflexões e serão dúvidas também. Muitas vezes será desabafo e muitas outras puro desamparo. Em outros momentos serão afirmações, posições e força. Acredito que sou forte em vários pontos e sei que você é também.

Logo estarei despejando minhas idéias aqui, mas espero fazer isso DE UMA OUTRA FORMA